13 fevereiro 2009

Desespero Comercial

Nos tempos de crise, os japoneses sempre (tentam) lembrar um famoso ditado que vem desde a Era Edo.

A primeira palavra Akinai, quer dizer "Comércio". A segunda, é "Não enjoar". Ou seja, mesmo que não aconteça nada na sua loja ou empresa, não se desespere. Um bom empresário deve se manter neutro, mesmo em boas épocas ou em más.

Por exemplo, muitos contam vantagem para os outros, sobre o sucesso de um projeto ou de uma grande venda. Isso dá espaço para espiões comerciais e alimentam o veneno dos invejosos. Quando a situação está ruim, o veneno vira doce para os concorrentes ou pior, uma má divulgação que pode comprometer ainda mais o andamento da empresa. Então senhor empresário ou dono de comércio. Não se altere diante da crise. Ao dispensar um funcionário, estará jogando os sonhos de uma família inteira no lixo.

11 fevereiro 2009

A Formiga e a Cigarra


No tempo da faculdade, eu estudava com a formiga e a cigarra. Depois de um tempo, nos formamos e cada um seguiu o seu caminho. A minha amiga formiga, era de estudar muito, sempre pensava em fazer algo de bom para as pessoas, muito batalhadora. Ao contrário, a Cigarra, sempre estava no barzinho da frente da faculdade bebendo cerveja. Todo final de semana, eram baladas, muita música eletrônica e muita bebida alcoólica.
Um dia encontrei a formiga, e conversamos bastante em um restaurante. Toda orgulhosa, me contou que estagiou em uma agência de viagem depois da faculdade, efetivou-se e foi subindo de cargo. Quatro anos se passaram, hoje ela é sócia. Comanda uma equipe de 60 funcionários e trabalha com todos os tipos de pacotes turísticos para todo canto do mundo. Não tem férias, não tem folga, não tem horário para dormir. Família, então é ela e deus. Tem um pequeno cachorro morando junto de uma belíssima cobertura.

Então eu perguntei se ela tinha notícias da Cigarra, pois eram muito amigas. Soube que foi trabalhar num barzinho, foi vendedora, foi frentista, balconista, caixa de supermercado, mas não levava nada à sério. Só queria se divertir e estar com os amigos. Tanto que tem 2 filhos e um marido desempregado. Ela faz bico como diarista e consegue ganhar alguma coisa.
Mas a Formiga me confessou.
- Eu cheguei a oferecer emprego à ela, mas desistiu. Eu torço muito por ela e quero que seja feliz. Agora a situação é muito revoltante. Eu passei a melhor parte da minha vida estudando para fazer a minha carreira. Deixei de ir às festas, jantares com os amigos, para trabalhar. Ralei muito mais que a Cigarra. Hoje eu tenho uma vida boa. Só que ela também. Eu pago muitos impostos, salários, taxas, tributos, fora as despesas da agência e um monte de coisas. A Cigarra, é isenta de quase tudo, e ganha tudo que é bolsa. Bolsa família, escola, maternidade, auxílio moradia e cesta básica. E aí Ale. Aquela história da Formiga e a Cigarra, serviu para que? Já tenho uma certa fortuna e posso parar de trabalhar a qualquer momento. Ela também. Aliás, a Cigarra continuará recebendo pelo resto da vida e eu não.

Bom, nem sempre a vida imita a arte.

08 fevereiro 2009

O Saquê mais caro do Mundo


Descobrimos o Saquê fermentado mais caro do mundo. Trata-se da adega HOKUSETSU, localizada na cidade de Sadô, ilha pertencente à província de Niigata, norte do Japão. É um nobre saquê Daiguinjo, com o percentual de polimento de 35% do grão Yamadanishiki. O curioso é o seu processo de filtração, normalmente processados em câmaras, onde uma estrutura de aço, prenssa o líquido que separa dos resíduos. Outros, podem ser feitos com tábua de madeiras pesadas e ter uma filtração mais demorada.

Agora o Saquê Hokusetsu YK35 Shizukuzake, é mais lenta ainda. O saquê, depois de terminado o moromi, são colocados em sacos de tecidos e recolhido somente o que passar por ele. Por isso leva o nome de Shizukuzakê, pois o termo significa "Gotas de Saquê". Tem um belíssimo aroma floral e lembra bem o sutil cheiro da Lichia. Mas ao saborear, a secura cresce dentro da boca, sem agressividade no impacto, deixando uma perfeita finalização, como se tomasse uma água pura de uma nascente.

Mas o seu maior diferencial, é ser o único saquê no mundo, engarrafado em um recipiente feito de puro titânio. Com ele, evita os raios ultra violeta, fica mais leve, anti-corrosivo por não conter ferro e manganês, altamente nocivo ao saquê. Desta forma, este ele pode ser envelhecido, sem a necessidade de guardar na geladeira, mesmo depois de aberto.

O valor, caso seja comercializado no Brasil, custaria R$ 21.840,00.

04 fevereiro 2009

As Coisas Lá e Aqui


Muitos que já foram comer em um restaurante japonês no Brasil, acham que é igual ao Japão. Em um único estabelecimento, você pode apreciar sushi, sashimi, yakissoba, sukiyaki, gyoza, harumaki, tempurá, teppanyaki, robata e mais um monte de coisa. Só que no outro lado do mundo, as coisas não são assim. Se um japonês visitar um restaurante aqui, vai achar que está dentro de uma praça de alimentação. Primeiro que você nunca trabalha com comida fria, junto com a quente. Segundo que pode causar conflito de paladares. Imagine você comendo um sushi no balcão, tentando sentir o frescor e as sutilezas do peixe, e de repente a pessoa do lado, comendo um yakissôba com gyoza enfumaçando e engordurando o seu paladar.

No Japão, o tipo de culinária é distinta por estabelecimento. Existem casas que só servem tempurá, só de macarrão que englobam os yakissôbas, udon, soumen, reimen, hiyashi-chuuka e zarusoba. Casas que oferecem pratos somente à base de tofu, casas só de oden, só de sukiyaki, enfim. Sem esquecer dos sushiyas. Em uma casa que serve sushi, é só sushi. Não tem como pedir sashimi. Os sashimis, são servidos, em restaurantes sofisticados, como ryouteis à izakayas.

Com relação às bebidas também. Izakayas oferecem uma grande quantidade de bebidas. Nos restaurantes, podem não encontrar muitas opções. O legal também, são as lojas especializadas em apenas um único produto. Já vi loja que só vendo tofu, loja de vinagre de arroz, loja só de molho para yakissoba, loja só de pimenta, e lógico os Sakayas, loja só de saquês. Os japoneses levam as coisas tão à sério, que para se especializar em um produto, dizem que leva uma vida.
E na sua opinião? Imaginou rodar a cidade toda para achar as coisas?