29 janeiro 2009

Restaurante ou Ponto Turístico?


Sabe aqueles restaurantes tão caros, mas tão caros que você vai uma vez na vida? Cadeiras feitas na França, lençóis italianos, talheres desenhados na Nasa, copos de cristais, enfim um monte de coisa que ajuda, mas não acrescenta em nada na comida. Um restaurante, tem que ser um restaurante. Primeiro, oferecer uma boa comida. Depois se der tempo (e dinheiro), um ambiente confortável e com uma música imperceptível.

Fui jantar na terça-feira em um dos restaurantes japoneses da região da Paulista. E como não tinha feito reserva, fiquei meia hora esperando do lado de fora. Quando me chamaram, fui direto para o balcão. A vantagem de jantar sozinho, é ser conduzido bem perto do Chef. Conhecendo apenas em revistas, sabia que era japonês e dono de um sorriso simpático, pedi à ele o menu degustação. Imediatamente, começou a preparar e a garçonete veio trazendo o Oshibori, as cerâmicas e o cardápio de bebidas.

Sabe o que reparei? Ele usava ingredientes tão básicos, que em qualquer feira livre você encontrava. Desde os legumes, carnes e verduras, pareciam tão familiar. Bom os peixes já dava para ver que foram bem cuidados. Bom, fiquei esperando e cada que passo que o chef avançava, os pratos tomavam forma. Ele estendia os pratos na minha frente e fui degustando. Nossa, eu não sabia que o inhame era tão bom. O sashimi tão bem preparado, com uma decoração discreta e ao mesmo tempo, ter coragem de desmanchar. Os assados ao missô, um espetáculo. Sunomono, que dava para comer uma bacia cheia. Grelhados então, nem se fala. O equilíbrio da gordura e o ponto da carne, era divino.
Mas uma coisa ficava martelando a minha cabeça. Como é que ingredientes tão simples podem viram belos pratos? Talvez tenha percebido a minha dúvida, ele agachou e me mostrou uma cerâmica marrom. Tirou a tampa e veio um delicioso e doce aroma de missô. “Eu mesmo faço o meu missô. O shoyu, eu tempero conforme os pratos. O arroz, eu mesmo cozinho.”

Bom, acho que não precisava dizer mais nada. Ficamos conversando um bocado, aproveitando que a noite estava mais calmo, ele me disse que não há a necessidade de usar somente ingredientes caros e importados. Pode fazer muito bem, um belo prato usando in natura. Perguntei se usava iguarias como unagui, ovas de peixe, barbatana de tubarão e água-viva. Disse que usa um pouco como enfeite, pois esses itens já vem temperados. “Nunca uso como prato principal. No máximo como entrada, isso se a noite estiver muito cheia. Procuro ao máximo criar os meus pratos, os meus molhos e temperos. Só assim vou poder cobrar bem barato pelo jantar, e fazer com que venha mais vezes”.
O legal dessa noite, que além de pagar muito mais barato que alguns restaurantes de SP, é o fato de poder jantar com mais freqüência, levar a família ou bancar a noitada de um grupo de amigos.

O que você acha? Prefere um restaurante para ir uma vez na vida e jogar na cara dos amigos, ou poder comer uma comida gostosa uma vez por semana?