29 abril 2012

O mais importante, é por acaso.


(Cena do filme - O Terminal, com Tom Hanks e Catherine Zeta-Jones)


De papo com a Helena Gasparetto, Dani Cascaes e Célia Regina, nasceu esse post.
Apesar desse meu jeito bem brasileiro, falo o que penso e muitas vezes, não dou a mínima para o que os outros vão pensar, tenho raízes de uma rígida cultura, onde devemos pensar nos outros, antes de si mesmo. Talvez por ter essa boa mistura, eu seja bem moderado. Tem coisas que tolero que se um japonês olha, fica assustado. Partes também de ser tão chato que o brasileiro pensa, que eu exagero.
Pois bem. Sou filho único e convivendo a anos com brasileiros não-descendentes de japoneses, é natural que eu me relacione com garotas “brasileiras”. O que de certa forma, meus pais não ficavam tão satisfeitos. Meu pai, nem tanto. Mas minha mãe pegava no pé. Eu? Nem aí. Sou eu que vou namorar e casar. Para mim, não existe nacionalidade para isso. 
Trabalhava no Aeroporto Internacional de Guarulhos, vulgo Cumbica, na Varig. Eu no Controle de Despacho de Passageiros, setor que fazia o que bem entender com os vôos. Atrasava, mandava embora ou cancelava. E ela, no setor de Embarque. Horários quase sempre desencontrados. Eu, um palhaço, falo alto, gesticulo muito. Ela, quietinha, tímida e comportada. Duas personalidades opostas. 
Enquanto com as outras quando cumprimentava, era abraço, beijo, quase um amasso. Com ela, um oi de longe. Com o tempo, já trocávamos......xingamentos e deboche. Chegávamos a conversar como se brigássemos a ponto de preocupar as pessoas em volta. Era bem divertido. Digamos que nos tornamos amigos. Mas só. Cadê a porta de “entrada”, para um pouco além da amizade? Se tinha chave? Não tinha nem maçaneta!! Ô menina difícil de conquistar. 
E o momento certo, foi quando ela foi acionada pela Polícia Federal, para contatar 3 passageiros chineses que tentavam sair do país para os EUA, com passaportes japoneses falsos. Minutos depois também fui acionado. Chegando na “Imigração”, me deparei com ela, falando com os chineses. Fui até eles e fiz perguntas simples como: “Onde você nasceu no Japão? Gostou de ficar no Brasil? O que mais gosta de fazer?”, tudo isso falando em japonês. Mesmo chamando pelo nome falso, eles não se manifestaram. Me virei para o Delegado e falei que não são japoneses e os passaportes eram falsos. De imediato, a PF deu voz de prisão e fomos todos nós para a sala da Delegacia da PF. E lá seguindo o protocolo de averiguação, contato com embaixada, consulado e o diabo. Nós? Eu e ela? Fazendo porcaria nenhuma. Nosso supervisor também estava conosco. Cerca de 5 horas para prestar um depoimento de alguns segundos. 
Mas foi ótima a oportunidade de digamos “Conversar”. E descobri o que ela sentia por mim, com o rosto mais vermelho que um tomate. E eu na hora de anotar o endereço dela para sairmos juntos, minha mão tremia demais. Também com uma caneta pesada que usava (olha a desculpa). Namoramos e casamos e temos dois diabinhos maravilhosos. 
Ah, e detalhe. Logo depois que começamos a namorar, a minha mãe adoeceu e partiu dessa vida. Mas ela se foi tendo a oportunidade de ver e conversar com a sua nora. Um amor recíproco e rápido. Faleceu sabendo que casei com uma “japonesa”. 
Moral da história. Nem tudo na vida, deve ser copiado de cenas românticas de novelas ou filmes. Nem tudo que se planeja dá certo. As maiores criações, invenções e acontecimentos, nasceram ocasionalmente. Basta estarmos atento a tudo em nossa volta e pararmos de se preocupar com a vida alheia.
E você? Está atento ao que acontece em sua volta?