09 fevereiro 2012

O que o Cliente quer?



Bem no começo da minha caminhada junto aos sakes, me sentia como um diretor de cinema recém recém formado, que de repente contratado para um grande projeto e um elenco de peso. Por mais que eu seguisse toda a teoria e anos de estudos, as coisas não saiam do jeito que queria. E ainda por cima, o elenco insatisfeito com o meu trabalho, criticando, apontando os meus erros, um inferno.

Mas diante das garrafas de sakes, elas não falam, não se manifestam e não reage. Como se o elenco mostrando claramente que eu não estou conduzindo bem o filme, mas que omitem tudo. Então, o que pensei: “Se não posso obter informações do meu elenco, preciso buscar o que os meus clientes querem.”

A partir daí, colhi o maior número de informações. Perguntei a cada um, que tipo de sakes desejavam. Mas esse esforço era em vão. Apesar de muitos me contarem que prefere bebidas mais secas, suaves, frutados e tal, a grande maioria, não conhecia a bebida. Quer dizer que, por mais que eu avançasse, mais os meus obstáculos apareciam!! Enquanto isso, o elenco me ignorando.

Vamos então, divulgar mais a bebida. Jornal? Revista? TV? É claro que essas 3 mídias são instantâneas que podem ampliar mais o meu trabalho, desde que todo o país saiba, quando será publicado. Ou seja, e se eu não olhar ou assistir? Um baita de um dinheiro jogado fora.

A única saída foi o site. Pelo menos ele fica lá navegando pela eternidade. A medida que as pessoas descobrissem podia acessar a hora que bem entender. Mas como? Não havia material para isso. Livros? Nenhum. Minto, existiam algumas matérias em revistas de gastronomia japonesa. Mas o básico dos mais básicos. Mesmo assim eu lia de ponta a ponta, de trás para frente, cada palavra era absorvida. Mas de longe, o suficiente.

Então o que me resta foi buscar as informações do outro lado do mundo.
Com quase 3 anos de atraso, com um grosso dicionário japonês na minha mão, consegui construir o que foi o piloto do site: wwww.adegadesake.com 
E para o meu espanto, começavam a aparecer uma feliz quantidade de clientes na loja. 3. Mas era muito satisfatório. E simplesmente vomitava informações sobre a bebida, o que de 3 espectadores, viraram fãs do meu filme.

Com o tempo, atingi um grande número de clientes e fiquei bastante feliz por ter chegado onde cheguei. Mas eu queria mais. Não apenas para vender as minhas mercadorias. Queriam que mais pessoas, pudessem entender o significado do filme. Não só se impressionar com as imagens e efeitos especiais. Mas o roteiro.

Um importante passo que tomei, foi quando um dos clientes me disse: “Alexandre, eu te agradeço por ter me passado uma valiosa quantidade de informações até hoje. Mas tem que perceber, que em determinadas ocasiões, as pessoas querem sakes especiais, quanto os básicos.” Ele tinha razão. Na verdade o que estava fazendo, era convencer o público a assistir um filme de gênero que não gostasse muito. Ou empurrando a informação de como fiz tal efeito especial, sem que o cliente esteja interessado. Ou que um filme tinha que ser assistido com a família toda reunida, por que era muito importante para reunir nossos entes queridos. 

Só que nunca havia perguntado, se isso era importante. Há pessoas que gostam de filmes de época. Há pessoas que gostam de magia. De atrizes gostosas e cenas de semi-nudez. Outros, gostam de pancadaria e conspiração. E muitos, podem gostar de assistir todos esses filmes, mas em ocasiões separadas.

Hoje, traço o perfil de cada cliente que entra na loja. Observo seu estado emocional, faço algumas perguntas sobre o paladar da pessoa ou do presenteado e sugiro rótulos adequados. Quero que em primeiro lugar, o meu cliente saia satisfeito e realizado. Dane-se a minha satisfação profissional, ou que ele fique por último. Só assim, posso divulgar mais e mais a beleza do meu elenco, que hoje eles gritam discretamente, me dando sugestões. Com o tempo passei a enxergar, que as garrafas estão me dizendo algo.

Como todo diretor de cinema, querem fãs. E posso dizer que hoje, não tenho clientes. Mas um grande número de amigos.