04 fevereiro 2009

As Coisas Lá e Aqui


Muitos que já foram comer em um restaurante japonês no Brasil, acham que é igual ao Japão. Em um único estabelecimento, você pode apreciar sushi, sashimi, yakissoba, sukiyaki, gyoza, harumaki, tempurá, teppanyaki, robata e mais um monte de coisa. Só que no outro lado do mundo, as coisas não são assim. Se um japonês visitar um restaurante aqui, vai achar que está dentro de uma praça de alimentação. Primeiro que você nunca trabalha com comida fria, junto com a quente. Segundo que pode causar conflito de paladares. Imagine você comendo um sushi no balcão, tentando sentir o frescor e as sutilezas do peixe, e de repente a pessoa do lado, comendo um yakissôba com gyoza enfumaçando e engordurando o seu paladar.

No Japão, o tipo de culinária é distinta por estabelecimento. Existem casas que só servem tempurá, só de macarrão que englobam os yakissôbas, udon, soumen, reimen, hiyashi-chuuka e zarusoba. Casas que oferecem pratos somente à base de tofu, casas só de oden, só de sukiyaki, enfim. Sem esquecer dos sushiyas. Em uma casa que serve sushi, é só sushi. Não tem como pedir sashimi. Os sashimis, são servidos, em restaurantes sofisticados, como ryouteis à izakayas.

Com relação às bebidas também. Izakayas oferecem uma grande quantidade de bebidas. Nos restaurantes, podem não encontrar muitas opções. O legal também, são as lojas especializadas em apenas um único produto. Já vi loja que só vendo tofu, loja de vinagre de arroz, loja só de molho para yakissoba, loja só de pimenta, e lógico os Sakayas, loja só de saquês. Os japoneses levam as coisas tão à sério, que para se especializar em um produto, dizem que leva uma vida.
E na sua opinião? Imaginou rodar a cidade toda para achar as coisas?








4 comentários:

Aldo Paladino disse...

Alexandre,

Como professor de culinária japonesa, não só faço minhas as suas palavras, como acho que a comunidade deveria,de alguma forma, expressar sua contrariedade aos absurdos cometidos com a culinária japonesa. Sashimi com hossomaki, temaki de doce de leite, nigiri de presunto de parma...aonde vão chegar esses absurdos? Em meus cursos aviso aos alunos que não ensino aberrações.

Aldo Paladino disse...

Alexandre,

Saiu na semana passada no jornal "Valor Econômico" uma matéria sobre sakê, qual você é citado. No entanto, a matéria deixa parecer que o sake fabricado no Brasil é de segunda linha, o que não é bem assim. O sakê da Tozan foi recentemente premiado no "Monde Selection" da Bélgica. Embora o sakê não seja minha expertise, acho que valeria uma reparação.
abraços

Alexandre disse...

Sabe o que é mais engraçado, Aldo. Às vezes, acho que os não descendentes de japoneses, são mais orientais. Acho que a comunidade pode achar um absurdo o que se vê no Brasil. Mas nada faz. Isso dá a chance para os especuladores dizerem qualquer coisa e o povo vai atrás. E o povo quer aprender, mas a comunidade nem aí. Eu pelo menos tento com os saquês. Recebi muitas críticas no começo, e adivinha de quem????

Aldo Paladino disse...

Alexandre,

Pois é, não entendo.Na próxima semana vou dar uma entrevista na TV COM aqui de Santa Catarina e vou bater no assunto; aliás, é o que mais faço, mas acabo parecendo um idiota, pois os "chefs" me acham muito "radical". Radical é fazer hossomaki de goiabada e dizer que é "fusion food". Também gostei muito do artigo do JUN SAKAMOTO, poi se eu tivesse um restaurante faria a mesma coisa, jamais iria inventar ou deturpar um prato para agradar alguem. Karê é Karê e coma que sabe e goste. Quando puder visite meu site: www.paladinochef.com
Um abraço e vamos manter contato!