24 março 2010

Sukiya vira Kiraiya

Toda o restaurante, quando abre tem o seu momento “bagunça”. É óbvio, para que já passou por isso, adaptar a equipe, compreender o sistema de pagamento, familiarizar o cardápio. Às vezes, a tecnologia mais atrapalha que ajuda. Mas com o tempo melhora. E acho que ninguém pode julgar uma casa logo na primeira semana. Mesmo que todo mundo esteja atrapalhado, houve todo um trabalho, pesquisa de campo, teste com ingredientes, etc.

Mas não foi (ou não senti) o caso do Restaurante Sukiya, inaugurado no dia 9/3. Quando apreciei o folheto e as matérias sobre a chegada de uma rede famosa japonesa, claro que muitos ficaram contentes, em poder saborear uma boa comida. Receita japonesa, feito por japonês, sistema japonês. Pelo menos acho que agradariam os conterrâneos aqui no Brasil.

Mas em uma das frases do folder, dizia que o tempero foi adaptado para o público brasileiro pudesse gostar. Achei muito legal, pois o Gyudon, o carro chefe da casa, tem um molho mais adocicado. Então os brasileiros, podiam não apreciar comer uma carne agridoce.

Deveria ter percebido um ponto. Muitos colegas e amigos blogueiros e jornalistas, perguntavam se eu tinha ido lá. Engraçado, pois eu que sempre pergunto à eles, o que acharam. Talvez quisessem saber a minha opinião primeiro.

Então o que fizeram? Deixaram salgado. E depois o que acontece?? A carne fica seca. E sabe deus que carne que é. Também experimentamos o Curry Rica, outro prato que 99% dos japoneses consomem. A textura estava normal. Mas o feijão no cantinho, era misterioso. Perguntei ao garçom, o porque da presença de feijões no Curry. “Quisemos adaptar para o gosto brasileiro”. Aí eu perguntei “E se levássemos a feijoada para o Japão e colocássemos 3 sushis em cima da farofa? Vocês diriam que adaptamos ao gosto dos japoneses?”

Resumindo:

- Falha na hora de “achar” que estava adaptando ao gosto dos brasileiros.

- Falha em achar que brasileiro come qualquer coisa, só porque um japonês está cozinhando

- Falha em não pesquisar o mercado brasileiro, para a comida japonesa.

- Falha em não contar com a internet. Brasileiros, podem nunca ter comido. Mas que pesquisa antes de comer.

- Colocou gente mau preparada para o atendimento. Só sabem falar “Adaptamos ao gosto do Brasileiro”. Nem sabe que o gyudon tradicional, vem com um ovo cru a parte. Muito menos Beni Shoga (gengibre vermelho em tiras)

A única coisa, que posso dizer que foi bom, é justamente a idéia. Mas morreram na praia (ou se afogando antes). Não estou aqui para recomendar ou não recomendar. O preço varia de 6 à 11 reais. Se for para forrar o estômago, vale muito a pena. E se não servissem como um gyudon, talvez acharia gostoso. Mas a tradição é tradição. Eu como descendente, não posso deixar barato.

Como diz o meu amigo JB, “Vá quem quer!”

PS: Nem me dei o trabalho de tirar foto.

Um comentário:

Fábio Hideki Harano disse...

De fato a ideia é muito boa. Mas colocar feijão no canto do prato para dizer que o curry rice é "brasileiro" é muita tapação de buraco! É muita gambiarra, remendo ou acochambração, no jargão engenheiro.