30 agosto 2008

Com ou Sem Sal?



Antes de mais nada, a Adega de Sake deixa bem claro, que o saquê deve ser apreciado da melhor forma que lhe agradar, não existindo o certo e o errado.
De todos os e-mails que recebo, vem em segundo lugar, a seguinte pergunta: Devo tomar com sal ou não? Não se sabe ao certo desde de quando começou a se tomar saquê com sal no Japão. Mas especialistas, fabricantes e apaixonados por saquê, dizem que tomava-se desta forma em épocas escassas de comida. Como as técnicas de preparo do saquê não era tão avançado como hoje, onde o saquê era mais pesado, pouco refinamento e polimento dos grãos, e bem mais frutado e doce, acabava que as pessoas deixassem de tomar após a segunda dose. Por isso, o sal ou missô (pasta de soja) quebravam o sabor incômodo do saquê. Uma outra tese é que o sal realçava o real sabor da bebida, deixando o malte de arroz mais vivo, penetrante e presente. Tanto é que muitos japoneses das antigas, colocam sal na melancia, morango e outras frutas. No Japão em algumas regiões com a província de Gunma, tomam saquê com sal. Porém a bebida é doce e denso. Ainda mais no inverno, aquece o saquê e precisa da ajuda do sal.
O velho MASU, a caixinha de madeira é bastante usada em festividades. Só que festividades onde reúnem bastante gente onde é preciso do barril de saquê. O chamado TARU, antigamente acomodava o arroz branco, hoje é revestido de cerâmica na sua parte interior e é colocado o saquê. Normalmente o seu conteúdo é de 70 litros. Junto vem o MASU, que era um item de medição. Para entender melhor, imaginem tomando o saquê com uma caneca medidora de água , leite, açúcar ou farinha. Um Masu, equivale à 180ml. Portanto quando as pessoas iam ao armazém de grãos, era cobrado por quantidade de Masu de arroz.
Hoje, no Japão o Masu está em desuso em restaurantes e nas residências. Mas mesmo assim, tentam usar de alguma forma para manter a tradição. Portanto várias casas, usam como uma espécie de pires, por uma questão prática. Imaginem a casa lotada, várias doses de saquês precisando ser levadas às mesas, e devagar não dá. O Masu, evita que o copo tombe, não derrame na bandeja, e não desperdiça o saquê.
Aqui no Brasil e nos Estados Unidos, o uso do Masu como copo é muito mais freqüente que no Japão. Agora porque está sendo banido na terra do sol nascente? Primeiro que o aroma do pinho Yoshino é muito agradável na hora de tomar saquê, porém quanto mais o líquido fica em contato, mais se altera o sabor do saquê. Desta forma, os fabricantes de saquês, mudaram os seus tanques de maturação, para uma espécie de aço aveludado que não deixa passar o ferro para o líquido. E também foi criado o masu feito de melamina, aquele que parece de plástico vermelho e preto. Um outro motivo é a questão de higiene. A madeira absorve o líquido, inclusive a sua saliva. Por isso, após servir um cliente, precisava se lavar e deixar secar para que pudesse servir um outro cliente. Isso fazia com que os restaurante precisassem um estoque desses copos de madeiras.
Deve estar perguntando. E o saquê que cai do copo para dentro do Masu. Devo tomar? Claro, mas sempre despejando de volta ao copo.
Bom, é isso. Não posso dizer que está errado ou certo.

Um comentário:

Fábio Hideki Harano disse...

Sake eu só bebo puro, mas melancia às vezes eu como com sal. Aprendi isso com minha mãe, que aprendeu com seus pais. Realmente, coisa de "japoneses das antigas".

Minha mãe disse que uma vez ela fez isso quando estava grávida, e um cara olhou e não disse nada, mas fez uma expressão clara de "deve ser uma daquelas manias loucas de mulher grávida". Hahahhahahaha!!!